O Homem viajava sentado e equipava a rigor.
A bike, com quadro negro e com referências ao ‘Lisboa Bike Tour’, seguia ao seu lado, apoiada na estrutura metálica.
Pendurado no guiador ia o capacete de ciclismo, cor verde azeitona e com publicidade alusiva à instituição que tem a exclusividade dos jogos de fortuna ou azar.
O comboio deslocava-se, de estação em estação, na habitual velocidade constante. No hall entre portas, umas dez pessoas acotovelavam-se.
– Porquê?! – Pensei eu – Há tanto espaço deste lado…
O bttista lá continuava, a olhar para o chão e absorto nos seus pensamentos. Com peculiares movimentos do lábio superior, fazia elevar e baixar o raro, mas escuro, bigode. Apresentava uma barriga proeminente.
Uma senhora levantou-se do seu banco para sair em Monte-Abraão. Passou entre o bttista e o mastro metálico e, desajeitadamente, bateu-lhe nos pés.
– Desculpe – murmurou ela.
– …fa’ mal! – Respondeu ele.
O comboio deixou a estação e começou nova corrida para a seguinte.
Observei o bttista a levantar-se. Colocou o capacete verde na cabeça e pegou na bicicleta. Deslocou-se para junto da porta.
– Vai sair no Cacém – pensei.
Estação do Cacém, nova paragem do comboio.
O bttista levantou a bike preta com referências ao ‘Lisboa Bike Tour’, desceu o degrau e saiu do comboio.
O comboio prosseguiu viagem.
Eu fixei a atenção num qualquer outro pormenor e um turbilhão de ideias assolou a minha cabeça.
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